O elétrodo revestido é composto por uma alma e por um revestimento. A alma é composta por uma vareta de metal condutora cuja única função é a adição de material na peça. O material com o qual é composta depende do material base a soldar: para os aços de carbono, e que a soldadura por elétrodo é mais difundida, a alma é de aço maleável. Durante a soldadura a alma funde um pouco antes em relação ao revestimento.
O revestimento é a parte mais importante do elétrodo e tem inúmeras funções. Antes de tudo serve para proteger a soldadura contra a contaminação do ar, e isso é realizado seja volatizando, portanto, modificando a atmosfera ao redor do banho, seja fundindo em atraso, portanto, protegendo a alma com a cratera que se forma naturalmente, seja liquefazendo e flutuando sobre o banho. Para além disso, contém materiais capazes de purificar o material base e elementos que podem provocar a criação de ligas na fusão. A escolha do revestimento, portanto, é muito importante e depende das características que se quer dar à soldadura. O revestimento pode também conter metal de adição em pó, para aumentar a quantidade do material depositado e, portanto, a velocidade da soldadura. Nesse caso fala-se de elétrodos de alto rendimento.
Características dos Elétrodos
No comércio existem vários tipos de elétrodos revestidos, onde a sua composição química influencia bastante a estabilidade do arco elétrico, a profundidade de penetração, a deposição do material, a pureza do banho, isto é, os seus campos de aplicação. Considerando o tipo de revestimento, os tipos principais de elétrodos são:
a) Eletrodos com revestimento ácido
Os revestimentos desses elétrodos são compostos por óxidos de ferro, ferro-ligas de manganés e silício. Garantem uma boa estabilidade do arco que os torna idóneos seja para a corrente alternada (AC) seja para a corrente contínua (DC). Têm um banho muito fluido que não permite soldaduras na posição; para além disso, não têm um grande poder de limpeza no material base e isso pode ser causa de fissuras. Não suportam temperaturas elevadas de secagem, com o risco consequente de humidade residual e, portanto, de inclusões de hidrogénio na soldadura.
b) Elétrodos com revestimento de rútilo
O revestimento deste elétrodo é composto essencialmente por um mineral denominado rútilo. Esse mineral é composto por 95% de bióxido de titânio, um composto muito estável que garante uma ótima estabilidade do arco e uma fluidez elevada do banho, com um efeito estético apreciável na soldadura. A tarefa do revestimento rútilo, de qualquer forma, é o de garantir uma fusão maleável, de fácil realização, facilitando a formação de uma escória abundante e viscosa que permite uma boa fluidez na soldadura sobretudo na posição plana. Nesse caso o cordão apresenta-se visualmente bonito e regular. Infelizmente também esses revestimentos não têm grande eficácia como limpadores, portanto, são recomendados onde o material base não contém muitas impurezas; para além disso, não secam bem e, portanto, desenvolvem muito hidrogénio na soldadura. Em algumas aplicações é combinado com o rútilo outro componente típico de outros revestimentos, como a celulose (elétrodos rutílico-celulósico) ou a fluorite (elétrodos rutílico-básicos). A finalidade geralmente é obter um elétrodo com arco estável, porém com características de soldadura de mais desempenho. A estabilidade do arco é uma prerrogativa que possibilita o uso deste elétrodo seja com corrente alternada (AC) seja com corrente contínua (DC) em polaridade direta. É usado sobretudo em espessuras reduzidas.
c) Elétrodos com revestimento celulósico
O revestimento desses elétrodos é composto principalmente por celulose completada por ferro-ligas (magnésio e silício). O revestimento gaseifica quase totalmente, permitindo, portando, a soldadura também na posição vertical descendente, coisa que não é possível com outros tipos de elétrodo; a gaseificação elevada da celulose reduz a quantidade de escórias presentes na soldadura. O desenvolvimento elevado de hidrogénio (decorrente da composição química especial do revestimento) faz com que o banho de soldadura seja “quente”, com a fusão de uma grande quantidade de material base; assim são realizadas soldaduras que penetram em profundidade, com poucas escórias no banho. As características mecânicas da soldadura são ótimas; o nível estético é muito baixo pois a ausência quase total da proteção líquida oferecida pelo revestimento impede uma modelação do banho durante a solidificação. A corrente de soldadura, devido à baixa estabilidade do arco, geralmente está em corrente contínua (DC) com polaridade inversa.
d) Elétrodos com revestimento básico
O revestimento dos elétrodos básicos é composto por óxidos de ferro, ferro-ligas e sobretudo por carbonatos de cálcio e magnésio, aos quais, adicionando o fluoreto de cálcio, é obtida a fluorite, ou seja, um mineral capaz de facilitar a fusão. Tem uma capacidade elevada de purga do material base, portanto são obtidas soldaduras de qualidade e com robustez mecânica considerável. Para além disso, esses elétrodos suportam temperaturas elevadas de secagem, portanto, não contaminam o banho com o hidrogénio. A fluorite deixa o arco muito instável: o banho é menos fluido, há curto-circuitos frequentes devido a uma transferência do material de adição em gotas grandes; o arco deve ser mantido muito curto pela baixa volatilidade do próprio revestimento; todas essas características exigem uma boa experiência por parte do soldador. A escória produzida é dura e difícil de remover, e deve ser removida totalmente no caso de repassadas. Esses elétrodos prestam-se para realizar soldaduras em posição vertical, extremidade, etc.
Com relação à corrente a utilizar é recomendável o uso de geradores em corrente contínua (DC) com polaridade inversa. Os elétrodos básicos se distinguem pela elevadíssima quantidade de material depositado e adaptam-se bastante à soldadura de junções com espessuras grossas. São muito higroscópicos e recomenda-se de manter esses elétrodos em ambientes secos e em caixas bem fechadas; se isso não for possível é recomendável executar uma nova secagem do elétrodo antes da utilização.
Diâmetro do Elétrodo (mm) | 1,60 | 2,00 | 2,50 | 3,25 | 4,00 | 5,00 | 6,00 |
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Elétrodo Ácido | – | – | – | 100-150 | 120-190 | 170-270 | 240-380 |
Elétrodo Rutilo | 30-55 | 40-70 | 50-100 | 80-130 | 120-170 | 150-250 | 220-370 |
Elétrodo Celolósico | 20-45 | 30-60 | 40-80 | 70-120 | 100-150 | 140-230 | 200-300 |
Elétrodo Básico | 50-75 | 60-100 | 70-120 | 110-150 | 140-200 | 190-260 | 250-320 |